19.02.2016 / Coisas bacanas
Carol Fernandes: fazer o bem é a alma do negócio

Nem todo mundo está acomodado na reclamação e na inércia. No Rio, assim como no mundo, há uma rede de pessoas se unindo, em prol do bem de verdade. De fazer as coisas com verdade. Se é difícil romper com velhos modelos de trabalho e encarar que a humanidade se tornou extremamente egoísta, para alguns essas dificuldades são desafios vencidos todos os dias. Carolina Fernandes é um exemplo disso e aqui e ali seu nome surgiu como alguém que o Eu Vejo Beleza deveria contar quem é.

Carol Fernandes- VALE

Carol Fernandes fundou a Avo/Branding Consciente e quer multiplicar boa influência

Fundadora da agência Avo/Branding Consciente, designer por formação, Carol tinha uma bem-sucedida carreira quando decidiu mudar, há menos de um ano. “Tinha um enorme desconforto pessoal. Eu me perguntava: ‘O que estou fazendo?’ E foi aí que comecei a me envolver com o Rio Eu Amo Eu Cuido, de onde hoje faço parte do Conselho, e a pensar: ‘Preciso usar minha vocação para algo que acredito’. Tinha a certeza de que era muito importante eu aproveitar minha expertise em comunicação por um bem maior”, conta Carol, que foi head do Departamento de Design da Farm. Do Rio Eu Amo Eu Cuido (projeto da ONG Move Rio) a sair da Quiero, agência da qual foi co-fundadora e tinha como clientes grandes marcas como Grendene, Ampla, Cantão e Koni, não se pode dizer que foi um pulo. Foi um processo que envolveu preparação e a descoberta de um propósito. A Avo, que significa parte de um todo, amadureceu através do desejo da Carolina e de cursos centrados na colaboração, que tem a filosofia do amor por trás de tudo, mas usada também para desenvolver negócios. Ela diz que aprendeu todas as ferramentas ao entrar no Gaia Education, o que mudou a sua vida. “Quem fecha com esse sonho?”, questionou Carol, hoje integrante de uma rede com 15 parceiros.

Trabalhar o conceito e elevar o papel das marcas na sociedade, gerando ganhos para todos, é o que se chama de ‘branding consciente’. No início, ela queria transformar as marcas diretamente, depois foi entendendo que as empresas são feitas por pessoas e se as pessoas não estão transformadas, as marcas não vão se transformar. Então não faz apenas gestão, promove ações de impacto social para donos, gerentes, diretores. Daí surgiu o primeiro workshop de descoberta do propósito, o Avesso, que vai acontecer nos dias 11 e 12 de março. As ideias ajudam pessoas e marcas a serem sustentáveis e descobrirem uma causa. Na loja da Frescatto, no Leblon, sua cliente, por exemplo, a ação é em cima de ganhos sociais, para facilitar a vida dos clientes, oferecendo receitas de alimentação saudável e até uma ‘calculadora de peixe’, para a pessoa não comprar além do que precisa consumir. Entre os outros projetos em andamento está a Casa Farm, que vai funcionar na Urca, durante as Olimpíadas. “Só vou topar projetos que eu entenda que aquilo vá fazer a diferença, não faço mais nada sem abraçar uma causa”, garante.

Empreendedora social, ela também é sócia de Gilson Fumaça, morador do Santa Marta, na Favela Scene, uma agência de turismo do morro de Botafogo transformada em agência de experiência, que promove luaus no mirante e oficina de pipa, entre outras atividades, possibilitando uma troca cultural com o morador do asfalto, fugindo da coisa “pra inglês ver”. Aos 35 anos, Carol não para e admite que a resiliência é o óleo que garante o funcionamento de toda essa engrenagem. “Estou fazendo essa transição e aprendendo junto, pois a proposta é nova, mas muitas vezes me pego presa no velho paradigma”, assume. Ela garante não focar em dinheiro. “Quero que venha prosperidade, claro, mas tenho a maior paciência do mundo para esperar que isso chegue como resultado. Dinheiro é importante, mas não é o principal caminho. A gente pode trocar serviços, objetos, coisas”, ensina.

Fumaça e Carol VALE

Gilson Fumaça, empreendedor do Santa Marta, é sócio de Carol na Favela Scene

Carol Fernandes VALE2

A designer passeia pelo Santa Marta, onde tem uma agência de experiências para troca cultural

Fotos divulgação e Bernardo Pinheiro