Há uma dificuldade grande no Brasil quando se fala em pedir/receber doações e fazer trabalho voluntário. Mas, felizmente, aos poucos o antigo padrão de comportamento e a forma de encará-lo vem sendo substituído por novas atitudes. Graças a pessoas persistentes como Daniella Martins, Carla Barros e Beatriz Schymura, que há seis anos realizam o Doar Fashion, o primeiro evento de moda 100% beneficente do Brasil.

Daniella Martins, idealizadora do Doar Fashion, contou sua história inspiradora para o Eu Vejo Beleza / Foto Ricardo Gama
Daniella, que é estilista, esteve na ação do Eu Vejo Beleza no Lagoon, dentro da Feira Hype, para contar sua história de otimismo, fé e colaboração. Com as amigas Carla e Bia, ela define o grupo como ‘As Três Mosqueteiras’ – nada mais apropriado para o trio que recolhe doações de ricos e grifes bem-sucedidas para vender e doar a renda para os necessitados. Na edição do ano passado, no Salão Vitória do Jockey Club Brasileiro, no Rio, elas arrecadaram R$ 445.353,05, devidamente doados integralmente a 18 instituições. “Imagine uma rede de 100 voluntárias, 1.600 pessoas em dois dias e 500 pegando roupas das araras e experimentando ao mesmo tempo? É muito trabalho, muita loucura”, orgulha-se Daniella, que escolhe o feriado do comércio (18 e 19 de outubro) para realizar o Doar Fashion. “Tive a ideia e, no primeiro ano, o bazar foi na casa de uma amiga. Arrecadamos R$ 60 mil, doados para duas instituições. Sempre quis fazer a minha parte, ler para cegos… pensei que o formato ideal era fazer dinheiro, para cada um suprir sua maior necessidade”.
Hoje, além dos doadores ‘pessoa física’, algumas grifes bem bacanas também entram no jogo, oferecendo peças novas. Osklen e Eva são algumas dessas marcas. Daniella, Carla e Bia começam a recolher os artigos em julho e daí só param depois das entregas. As organizações que recebem as maiores doações são Uerê, escola modelo especializada no atendimento de crianças traumatizadas com a violência, e Saúde Criança Responder, serviço de proteção à criança que trabalha a inclusão social com o Plano de Ação Familiar, executado em parceria com as famílias e profissionais. O Instituto Rogerio Steinberg, organização que atua na identificação e desenvolvimento de crianças e jovens superdotados, socialmente vulneráveis, está entre os atendidos pelo projeto. A lista é grande: Celpi, Orfanato Santa Rita de Cássia, Fundacão do Rim…
A ‘mosqueteira’ se emociona com cada passo e destaca o trabalho do Padre Geovane com crianças vítimas de maus tratos e sua atuação no Cesarão, comunidade na Zona Oeste do Rio. Daniella também lembra que conseguiu impedir, com sua doação, o fechamento do Lar Santa Catarina, que acolhe crianças com doenças mentais e paralisia cerebral. “Quando a gente visita esses lugares vê que quem trabalha nessas causas trabalha por querer muito, de coração. É vocação, vontade genuína de ajudar o próximo. A gente sai das instituições diferente do que entrou. É uma experiência humanitária”, conta a estilista.
Para doar, escreva para contato@doarfashion.com