14.06.2016 / Coisas bacanas
O amor como bandeira da chama Olímpica

Amar mais para ver menos tragédias. É tão simples. Quanto mais amor damos ao próximo e a nós mesmos, quanto menos ódio, maior aceitação, mais fluidez na vida. Quanto menos interferência nas decisões e escolhas individuais, mais paz no mundo. Tendemos a desvalorizar as coisas boas e puras por considerarmos que são menos importantes e atingem menos pessoas, esquecendo que a ordem é inversa, como numa espécie de efeito Tostines da vida (a campanha perguntava se o biscoito era fresquinho porque vendia mais, ou vendia mais por ser fresquinho). Por que há tanta violência? Quanto menos amor mais intolerância, ou quanto mais intolerância menos amor? Vamos pensar.

Tirar a máscara do cinismo que nos faz ser blasés é um alívio e tanto.

Trabalhando na Comunicação do Revezamento da Tocha Olímpica Rio 2016, tenho acompanhado de perto muitos retratos do Brasil. São momentos que nos mostram o quão grandioso é o nosso país e, ao mesmo tempo, nos fazem admitir (nós, moradores das grandes capitais) o quanto endurecemos. Em muitas cidades pequenas de Goiás, Minas, Piauí, Espírito Santo ou qualquer outra de um dos 14 estados pelos quais a chama passou, vemos sorrisos sinceros, esperançosos. Pessoas orgulhosas por fazerem parte de um evento de importância mundial como Jogos Olímpicos, com valores tão importantes a serem divulgados, como a amizade, o respeito e a excelência – que significa dar o melhor de si, não só no esporte, como na vida.

Como virar a cara para isso? O Brasil está preparado e merece? “Você merece o que você oferece”, foi a frase que li num card de Facebook. E os brasileiros que já viram a tocha passar, com a pureza da chama, merecem. Têm recebido o revezamento com suas melhores roupas, em festas tradicionais, com bandas marciais, fanfarras, trajes típicos, culturalmente ricos. Além de atletas, condutores com histórias inspiradoras, inúmeros deles com maravilhosos projetos sociais, têm ajudado a desenhar um Brasil que dá certo. O publicitário que levou água e toneladas de alimentos para o sertão, pessoas que superaram traumas, adolescentes que enfrentam doenças raras, inventores, campeões de olimpíadas de Matemática, os rapazes que levaram o cangaço nordestino para os games, jovens que superaram situações de extrema pobreza e conflitos, idosos, transexuais e outros representantes do nosso povo mostram que lutar por um país mais justo é uma saída para as nossas portas fechadas. Diversidade que é puro ouro.

Domingo, em São Luís, no Maranhão, um condutor, Romeu Matos, pediu a mão da namorada, Samya Taliani Silva, em casamento. Juntos há cinco anos, eles têm uma filha de 4, Ana Cecília, que acabou quebrando o protocolo e conduzindo a chama com os pais. Romeu foi selecionado para ser condutor por um dos patrocinadores, ao inscrever sua história de superação com a menina, apelidada de Coração Valente depois de superar uma cirurgia cardíaca, aos 2 anos. Segundo ele, era sonho de Samya oficializar a relação “com tudo o que tinha direito” e nada mais impactante do que consumar isso num evento desse porte, no qual também celebrou a cura da criança. O rapaz combinou os detalhes com a família da noiva e com o Comitê Rio 2016 e, em pleno Dia dos Namorados, protagonizou um dos momentos mais marcantes do revezamento. Do Brasil para o mundo, de surpresa. Já imaginou?

Que existam mais momentos assim para a gente testemunhar e compartilhar. Amar é simples.

Surpresa, a condutora Samya não acreditou ao ver a placa com o pedido de casamento, em São Luís (MA)

 

Romeu se ajoelhou diante da noiva e de uma multidão eufórica para entregar as alianças, antes de conduzir a tocha

 

Ana Cecília, filha do casal, invadiu o revezamento e tornou o momento dos pais ainda mais lindo

Fotos Rio2016/ André Luiz Mello e Fernando Soutello