Quando eu soube da existência de um bloco que ia até Paquetá, achei perfeito conhecer a ilha justamente no Carnaval. O Pérola da Guanabara já não é novidade e tem ficado cheio, por isso mudaram o horário para bem cedo, na tentativa de esvaziar e diluir o fluxo de foliões.
Sem querer perder a barca com os músicos, lá estava eu às 7h de sábado com meu bilhetinho na mão. A estratégia não funcionou muito bem, pois quando os músicos finalmente partiram, às 8h30, a estação já estava completamente lotada de um povo bonito, colorido e animado.
Na barca, a diversão era garantida com a música, muitas fantasias divertidas e a vista da Baía de Guanabara. A pacata ilha, que parece parada no tempo, recebeu uma invasão de foliões se espalhando pelas ruas. Muitos moradores nos muros vendo a banda passar e aquela multidão se esbaldando num calorão de rachar. O clima era de Carnaval de antigamente, com as marchinhas tocadas diante daquele casario antigo. Lindo de se ver.
Quando o bloco finalmente chegou na Praia da Moreninha, muitos foram se refrescar nas águas da baía. Coliformes fecais? Água imprópria? Nada disso parecia importar, afinal, é Carnaval! Depois, ainda teve o Ataque Brasil que chegou e muitos emendaram até o pôr do sol. Me falaram que este ano foi o mais cheio de todos, e muitos ficam com medo de o bloco perder o encanto com tanta gente, mas uma coisa eu posso garantir: o Pérola da Guanabara é como um daqueles blocos clássicos que originaram toda essa festa que a gente vê hoje em dia e, por mais cheio que fique, Paquetá sempre vai garantir o clima de nostalgia.
Sobre a autora deste ensaio fotográfico e deste texto, especial para Eu Vejo Beleza:
Renata Mello é fotógrafa da Agência F3, carioca disposta e vai a pelo menos três blocos por dia.