Descobrir a beleza na natureza, olhar a vida e o próximo com generosidade são escolhas que fogem do filtro vermelho das tragédias cotidianas, exaustivamente vendidas por alguns segmentos da mídia. O assalto de hoje só repete o de ontem e assim sucessivamente. Estamos cansados da espetacularização da tragédia! Esgota viver desse expediente aqui, não queremos. É decisão consciente.

Se a opção em focar a beleza parece sugerir alienação ou fuga da realidade, a ideia é equivocada. Vejamos? Olhar a beleza e o sucesso na vida é apenas o outro lado da moeda, simples assim! Por que se tem que olhar o grotesco em detrimento do belo? O mundo, por acaso, é feito só de caos? Não é, depende do foco, do olhar, da interpretação e do desejo de cada um.

O grau de aprisionamento e captura por determinados veículos, que sobrevivem das tragédias, pode estar dirigindo seu olhar. É bom tomar cuidado com o que é vendido e comprado sem se dar conta! A rosa não é só bonita, aveludada, perfumada e cheirosa: também tem espinhos e pode machucar!

Imagina se reduzirmos ela à dor que eles provocam? Ela seria só sofrimento. O espinho não define a rosa assim como a tragédia não resume a vida. O espinho pode ser como a má noticia, no entanto, nem o olhamos, focamos é na beleza da flor, escolhemos ver outra estética, não é mesmo? Aqui nesse espaço, busca-se a beleza sem culpa, a boa notícia e o sucesso, tudo sem rótulos ou patrulhamento. É opção o foco no princípio do prazer e do bem-estar em viver sem escapar a outro princípio, o da realidade. Tudo é vida, prazer e dor… O espinho?  Não machuca a flor.

Sobre o autor deste texto, especial para Eu Vejo Beleza:

Fernando Scarpa é psicanalista, sarcástico, mas sabe ter prazer na vida

Ilustração Lea Bah