“Já fui mandioca”. A frase não é brincadeira. Está impressa no copo descartável usado pelo Das Danis Buffet, lançado há seis meses com foco na sustentabilidade. As sócias Daniela Almeida e Daniela Sepulveda pagam até quatro vezes mais (por conta do alto preço do dólar) nas louças de palha de bambu e bagaço de cana que usam em seus jantares móveis e festas, para não perder seus ideais de vista. Quando os clientes preferem algo não descartável, a dupla opta por cerâmica personalizada.

“Ter a frase impressa no copo cria consciência imediata de que tudo pode ser aproveitado. Como, fora os copos, os descartáveis que usamos são importados e muito caros, estamos procurando opções de amido de milho com cara de plástico”, conta Dani Almeida, 37 anos. Farmacêutica com mestrado em nanotecnologia (que manipula a matéria em nível molecular), ela ficou internada e se submeteu a várias cirurgias em 2013, o que a motivou a investir mais em gastronomia, uma paixão que já praticava entre amigos, como a sócia Dani Sepulveda, jornalista.

“Quando voltei à ativa estava desanimada, tive pânico e muita vontade de mudar. Eu cozinhava desde pequena, fazia jantares em confraria com amigos nos fins de semana, mas a nova fase veio mesmo no aniversário da minha sobrinha. Minha irmã tinha a preocupação de que tudo fosse saudável e me convidou para fazer o cardápio da festa. Eu chamei a Dani (Sepulveda), que já cozinhava comigo, e foi um sucesso”, lembra ela. “As mães começaram a encomendar. Aí, fiz a primeira festa no fim de agosto, em outubro veio outra e não parou mais. Tivemos que nos profissionalizar”.

E não é só na louça que a sustentabilidade está firme e forte. É na atitude pessoal. As Danis investem tudo na pegada ‘homemade’. Isso significa que boa parte do que usam é artesanal, feito em casa mesmo, e fritura, enlatados e industrializados estão fora. Daí a criatividade fala mais alto e as coxinhas assadas de batata doce com frango orgânico e farinha de linhaça (para dar aquela douradinha) não saem das bocas. Dani Almeida destaca outras delícias do cardápio, como a frozen fruta e o koni de pipoca. Nos jantares, a dedicação em inovação também é alta. “Não temos cardápio fixo, deixamos a cargo do cliente. Sugerimos, mas nos guiamos pelo que desejam e brifam”, explica. “Fazemos o caldo de carne, o molho de tomate, catchup, pasta de amendoim… O nosso doce de leite é nosso mesmo, cozinhamos por quatro horas”, orgulha-se.

O Das Danis tem linha funcional (sem glúten e lactose), mas Dani Almeida destaca que é a afetividade e a consciência que definem os passos das duas. “Sempre tivemos preocupação com alimentação, mas não somos xiitas. Nosso diferencial é fazer da forma mais saudável possível, mas também da mais comum possível. Nossa comida tem sabor de casa, de comida de vó”.

Fotos Tomas Rangel