23.10.2015 / Crônicas
O tempo e suas variantes

A vida passa tão depressa. O que vivemos hoje vivemos hoje. Nada volta. Quando falamos que viver o momento é importante, dificilmente ouvimos o que estamos dizendo, pois não temos a percepção exata disso.

Viver o momento é uma confluência de fatores. Não são só aqueles minutos, aqueles dias, aquela fase. Por isso não volta. É aquela pessoa, naquele lugar, daquele tempo, daquela fase da vida. Não se consegue reproduzir jamais, pois é uma rede bem forte entrelaçada, que inclui momentos da vida de cada um, com disposição pessoal, interesse no assunto, disponibilidade, envolvimento na vivência. Faça um exercício e entenderá. Que naquele momento há X anos vocês tinham tudo que têm agora, mas depois você não tinha mais tempo, então achou que bastava ter tempo, porque já que tinham todo o resto, e o que estava faltando era isso, seria fácil encaixar as coisas novamente. E a felicidade viria como passe de mágica.

Mas não é bem assim. Aquele tempo passou como se fosse uma conjunção dos astros. Como fazer a mesma receita várias vezes e um bolo nunca ficar igual ao outro. O café com leite de todo dia nunca é igual. Tente repetir e verás. Não se brinca com os deuses. É como os filmes com roteiros que propõem o poder de interferir e voltar ao passado. Todos os ‘De volta para o futuro’, ‘Feitiço do tempo’. Cada tempo é único com todas as suas variantes.

Por isso viver o momento é extremamente precioso. Quando você nasceu, o dia estava azul, o sol agradável, o trânsito bom. O horário foi o que foi, mesmo com seus pais correndo para a maternidade juntos e programados. A vida não tem controle. Podemos tentar moldá-la ao máximo, mas não está ao nosso alcance o que vai definir o momento e o proveito que se tira dele.