21.02.2016 / Crônicas
Qual o seu sonho?

Estávamos num almoço. Papo vai, papo vem, alguém começou a falar de sonhos. De todos os tipos. Mas paramos nos premonitórios – ou nos que achamos que fossem.

Fecharam toda a fazenda, uma fazenda de café no interior de São Paulo, janelas batendo, cavalos correndo, muito vento e avisavam que alguém estava chegando. Quando acabaram tudo, ele acordou e recebeu a notícia: na capital, a matriarca morrera. Ficaram todos arrepiados.

Alguém sonhou com a avó. Outra com o pai que já se foi. E era sempre muito bom: a avó lhe deu colo e conversa boa, o pai viera avisar que estava tudo bem. Que mágica essa sensação de poder viver o não vivido. Uma viagem no tempo, simulador de realidade paralela. Uma paz momentânea proporcionada pela sua mente, ou o que há por dentro dela. Uma corrida que tira o fôlego, mas chegamos ao fim; o abismo que conseguimos pular,  muito desgaste físico até o momento de vitória, que antecede o despertar.

Ruim é quando o sonho era tão bom e você acordou. Por que não continuar sonhando? E quando você acorda e no sonho estava tudo bem, mas na sua cama você está só e terminou um namoro? É a sensação contrária à do despertar do pesadelo. Se em uma queremos abrir logo os olhos e ver que estamos seguros, na outra, queremos continuar dormindo e nos perguntamos: por que acordei?

Às vezes, acordamos sem objetivo. Temos só muitas coisas a fazer. Um exercício diário – ok, pode até ser mensal – é a gente se perguntar que sonhos ainda tem. E se demorar a vir resposta, a pergunta deve ser feita com mais frequência até que surja a solução. Ter um sonho é ter um objetivo novo bem definido. Não um objetivo frio, de acordar, lavar a louça e ganhar dinheiro. Um objetivo de alma, que nos dê força para chegar do outro lado do abismo com sensação flutuante de sonho. Mas na vida real.