19.06.2015 / Crônicas
Para pensar rápido

Urgente. “Pedi você pra me esperar 5 minutos só / você foi embora / sem me atender (…) Você não sabe e nunca vai saber / pois você não sabe quanto vale 5 minutos na vida”. A letra da música de Jorge Ben Jor tem urgência. Mas também tem calma. Cinco minutos e a situação teria se resolvido. Cinco minutos pode ser muito e pode ser pouco, tudo pode ser solucionado, e nada. Tocou no rádio outro dia, numa versão da Marisa Monte, mas os versos sempre passam como crédito de filme acompanhando meus pensamentos, segundos antes das respostas, atitudes. São só cinco minutinhos de espera, o tempo é muito precioso, como otimizá-lo?

“Você tem cinco minutos para escrever esta coluna”. Então, sobre o que eu escrevo? Essas serão minhas últimas palavras ou a ideia tem que ser passada neste tempo? Isto é urgente? Se você só tivesse cinco minutos? O que você diria? Ligaria para alguém? Pediria desculpa? Ou você procura agir de forma que não tenha que perder esse tempo depois? Viajar para o lugar que sempre sonhou não dá para ser feito em cinco minutos. Mudar o rumo do táxi, dá. Descer do ônibus. Comer uma fruta. Deitar. Chorar. Ouvir uma música. Despedir-se de alguém: o último suspiro se dá em um segundo. Avisar de uma decisão. Acho que tomá-la, não. Tem que ter pensado antes, pois pensar não leva só cinco minutos. Ou as melhores decisões são tomadas de impulso?

Aonde você quer chegar? Ter cinco minutos é urgente, ou muito tempo? Para os ansiosos, qualquer tempo é apertado. Para os calmos, se o tempo é apertado, problema dos calmos, não podem mandar no tempo e, sim, lidar com a urgência sem estresse. Só cinco minutos. É muito? Um beijo, o arremate de uma cirurgia, daqui até a esquina, um telefonema. Um abraço, abrir a porta, tomar um banho, dar um mergulho, atravessar a rua. Olhar fixamente e não falar nada pode fazer o tempo render. Economizar palavras. Marcar uma questão na prova. Desligar o despertador ou quebrar o relógio. O tempo é relativo? Acabou.