19.06.2015 / Crônicas
Quem você pensa que é?

Há 15 dias, um vídeo foi postado no YouTube e hoje já passa de um milhão e 200 mil acessos. Não é o último fenômeno do funk, mas uma experiência da real beleza promovida pela marca de cosméticos Dove. Em pouco mais de seis minutos, as mulheres têm a chance de sofrer um choque de realidade e perceber o quanto são duras com a própria imagem.

Uma vez fui aconselhada a escrever sobre uma menina cuja ânsia seria perseguir fotos suas que postam no Facebook, a fim de deletar ou tratar todas elas, em busca da imagem perfeita. Sabemos que somos como somos e nosso estado de alegria ou tristeza reflete no espelho. Podemos nos ver lindos ou horríveis dependendo do que se passa por dentro. Sabemos o melhor corte para nossas fotos, o olhar ideal para cada situação. Tem quem enxergue beleza em nós, tem quem não. Mesmo quem só a enxerga bonita: é muito difícil conseguir controlar todos os nossos melhores ângulos. Até porque por mais que saibamos, nem sempre vemos; pode haver um que só determinada pessoa saiba, dependendo da diferença de altura, se te vê sempre de um determinado ponto, etc e tal. Análise da imagem não falta.

No vídeo da campanha, Gil Zamora, um artista forense treinado pelo FBI e que trabalhou no departamento de polícia de São José (EUA) por 16 anos, é convidado a pintar retratos falados de mulheres comuns. Elas não sabem do que estão participando e são convidadas a se descrever, vendo-se obrigadas a pensar na própria imagem. As voluntárias e o pintor não se veem, são separados por uma cortina. As personagens são convidadas a fazer amizade com outras pessoas, que, mais tarde, também as descrevem para o artista. Como resultado, cada mulher tem dois quadros: o do autorretrato e o da descrição dos estranhos. Enquanto que nas imagens pessoais elas refletem tristeza e têm vários defeitos, como rugas de expressão e outras cicatrizes, ficando visivelmente mais feias, nas imagens descritas por outras pessoas elas são normais e belas. O contraste as choca, pois todas automaticamente veem que são mais bonitas do que pensam, ponto crítico que pode afetar a vida e a felicidade de cada uma. Genial. Uma aula para entendermos o quanto a nossa autoimagem pode nos levar ao sucesso ou à ruína.