28.06.2015 / Crônicas
Um bem que alivia

Há quem desvalorize o humor e o riso, dizendo frases populares como “desconfio de uma pessoa que está sempre rindo”. É um preconceito tolo, de quem dá mais valor aparente à seriedade, impregnando a vida de solenidade. Ter bom humor torna a rotina muito mais amena e é um foco inteligente para se enxergar a vida.

Se duvida e precisa de base acadêmica, há vários estudos comprovando a tese numa “googlada” (copyright – com licença, Jaguar – Leandro Souto Maior). E, numa mesma busca no Google, eu encontro (cruzando ‘Freud’, ‘1927’ e ‘humor’ como palavras-chave) informações sobre o ensaio ‘O Humor’, que o criador da psicanálise publicou no fim dos anos 20, considerando a característica um “dom precioso e raro” e, também, “teimoso e rebelde”. Em estudos sobre o que Freud disse, explica-se que usar o humor é um meio eficaz de lidar com a dor e o sofrimento e ainda tirar prazer disto.

Ter bom humor está associado a manter a saúde, evitar doenças cardíacas e investir no bem-estar pessoal e no de quem está à nossa volta. É simples, porém complexo. É não se levar a sério demais, assumir que está se divertindo com uma idiotice; dar “bom dia” mesmo sem ter resposta; fazer dancinha desconjuntada em casa quando ninguém está olhando. E depois até mostrar para alguém. Mais que isso: é saber enfrentar a dureza da vida, dando uma azeitada nela.

Reagir à burocracia sem se estressar (difícil, admito); enfrentar uma doença esperando o melhor; brincar de ‘A Vida é Bela’ (o filme de Roberto Benigni); saber que há luz no fim do túnel; que o medo do desconhecido passa quando se passa por ele; que à noite tudo parece pior, mas a manhã chega; que pensar com otimismo é meio caminho andado para não deixar as coisas piores.

Insistir no bom humor é engolir um sapo ou outro, às vezes; ver além de quem te taca uma pedra, ou seja, rir disso. Não é ser bobinho, imaturo, infantil. Pelo contrário. É ter inteligência emocional para superar as dificuldades e ver com graça os deslizes. Saber que quem ri por último ri melhor; admitir os erros sem o peso da culpa.

E só para lembrar, não custa refletir: o homem é o único animal que ri.