18.06.2015 / Crônicas
Desunião feminina

Às vezes, admiro a camaradagem masculina e não entendo por que as mulheres não perceberam há tempos que é muito melhor saber conviver com as diferenças e admirar outras mulheres também. Como naquele velho anúncio em que dois rapazes se encontram e falam mal um do outro frente a frente e, quando se despedem, pensam: “Adoro esse cara!”. Já as mulheres, quando se encontram, trocam mil elogios e viram as costas pensando: “Nossa, como ela está gorda!”. Era mais ou menos assim a essência do comercial, que já faz parte dos contos populares.

Os homens são menos profundos e mesmo quando são sensíveis tendem a ser mais leves, a encarar as coisas com um pensamento mais objetivo, sem grandes questionamentos desnecessários. As mulheres, salvo raras exceções, tendem a gostar de picuinha. Quando alguém faz uma barbeiragem no trânsito, não dá passagem, mete a mão na buzina histérica, eu logo vejo: é mulher. Fico quieta, mas em geral o taxista grita: “Só podia ser mulher!”. Eu, num momento de hipocrisia em defesa da classe, sempre rebato: “Olha o preconceito”. O fato é que muitas mulheres parecem querer ter razão na marra, nem que para isso prejudiquem sua própria imagem, mas certamente sempre haverão de defendê-la com a última palavra.

Lara atravessava a rua e viu a ex do melhor amigo, de dois casamentos antes. Poderia ter fingido que não viu, mas pensou: “Poxa, essa menina é legal”. Correu e gritou: “Bárbara, oi!” Ela veio: “E aí, como é que você está? Se separou, né?” Lara sorriu sem maldade: “Me separei, casei de novo…” E Bárbara não pensou duas vezes, com ar envenenado: “Você se casou algumas vezes, né?” Lara sentiu a picada, na defensiva: “ Não casei algumas vezes. Casei duas. Uma por 15 anos e agora oito. Considero que sejam duas uniões bem-sucedidas”. E saiu, querendo sufocar os pensamentos ruins que sabia da vida da outra.

No salão, ao ouvir a história, a manicure tomou as dores. “Por que você não perguntou por que ela estava solteira até hoje? Eu não fico sem resposta”, disse. E contou o seguinte: teve um problema hormonal ao tomar remédios para emagrecer, estava cansada de ser chamada de obesa por uma amiga, e, sendo cobrada pelo marido de dar uma resposta, foi direta: “Eu posso estar gorda, embora não precise de você para dizer, pois eu tenho espelho. Mas já olhou sua pele maltratada? Seus cabelos? Sua sobrancelha?” Pronto, nunca mais foi ofendida pela outra.

Agora, imagine se as histórias fossem entre dois homens?